domingo, 23 de maio de 2010

9- Necessidade idiota!

 
"Estou cuidando da minha vida, porque a partir do momento em que as suas criancices estragam a minha noite é da minha vida que estou cuidando quando te digo pra ir se desculpar com a nossa prima.”, Talita.
“Ah, fica aí falando com as paredes que vou dormir!”.
Uma porta foi fechada com força, fazendo um estrondo.


“Ricardo Campos, você vai lamentar muito por isso. Não quis por bem, mas vai por mal ou não me chamo Talita.”.
Aquela ameaça me assustou. Ela com certeza cumpriria a sua promessa e até mesmo o Ricardo devia ter a mesma certeza naquele momento. Mas nem mesmo isso fez com que ele me procurasse e eu o odiei por ser tão orgulhoso.


“Ly, já está na hora.”, Jack tentava me acordar pela manhã.
“Não vou hoje. E eu não estou falando dormindo. Estou muito consciente da minha decisão.”, expliquei antes que ele insistisse.
“Não vai por quê?”.
“Porque é melhor dormir numa cama quentinha do que jogada no chão frio do ginásio.”, respondi com pouca vontade e ainda sem abrir os olhos.


“Quer que eu fique com você?”.
“Não, Cabeludinho. Como vou copiar a matéria depois?”.
“Daqui a pouco estou saindo.”, ele deu um beijo no meu emaranhado cabelo e fez um carinho, “Se cuida.”.


“Ah, pode deixar que depois de mais algumas horas de sono e de ver meus queridos desenhos animados estarei renovada.”, sorri com a ideia, “Agora, vai logo que está atrapalhando a primeira parte do meu plano onde eu durmo sem interrupção.”, brinquei, enquanto rebolei na cama exageradamente enfatizando a minha vontade de dormir.
Mesmo de olhos fechados pude visualizar o meu amigo sorrindo antes de ouvir a porta batendo de leve.


Só consegui dormir por mais uma hora e com muito custo. A dor de cabeça já começava a ameaçar e, antes que ela pudesse estragar o meu dia, levantei da cama.
Eu estava bem à vontade, deitada de qualquer jeito no sofá da sala, dando gargalhadas exageradas e falando com a televisão. Surpreendi-me quando vi aquele menino branquelo, com a cara amarrotada descendo as escadas. O que ele estava fazendo em casa também? Não ousei dar voz a minha curiosidade.
Sequer tinha lavado o rosto ainda. Eu sorria sempre que notava isso. Era incrível como ele continuava com a mesma mania de criança...


Precisei voltar o vídeo. Estava vendo todos os episódios que havia perdido de um anime que amava. Dando os meus típicos chiliques. Ele montou no braço do sofá em que eu estava e fez isso com tanta naturalidade que fez meu coração saltar de alegria.
“Muito fera essa luta, né! Ele é muito foda!”, ele comentou sem tirar os olhos da televisão.
“Foda não... Fodástico ao cubo!”, disse resignada.
Ricardo fez um som quando abriu um sorriso; eu adorava o seu sorriso bobo.
Ajeitei-me no sofá, “Senta aí.”.
“Ainda tenho que lavar o rosto...”.
“Ah, vai depois.”, e o puxei para o assento.


Ele sorriu novamente, sempre com o mesmo som que eu jamais confundiria. Ricardo estava concentrado vendo o anime, mas eu preferi ficar vendo as expressões que ele fazia. Meus pés em cima do seu colo.
“Vai ver o desenho não?”, ele me encarou, estreitando os olhos.
Eu ri, sem um pingo de vergonha, “Para de ser chato.”, ajeitei-me, colocando a minha cabeça em seu ombro. Peguei uma de suas mãos e joguei em cima do meu ombro.


“Nem é abusada, eheim!”, Ricardo fingiu se importar.
“Seja um bom primo, vai...”, desisti de soltar alguma gracinha quando ele começou a mexer no meu cabelo cheio de cuidado.
“Tampinha...”, ele disse rindo.
“Retardado...”, respondi com uma satisfação enorme. Não pelo simples fato de zombar dele, mas porque aquelas palavras voltaram a ser maneira carinhosa como nos chamávamos e não ofensas como estavam sendo nos últimos dias.


Ele largou meus cabelos e descansou a mão no meu ombro. Virei a cabeça para ver o seu rosto, a sua expressão... Era de tanto carinho que eu poderia ter me emocionado.
“Rick... Eu te magoei?”.
Ele soltou a mão na barra da minha blusa e ficou torcendo; tínhamos muitas manias em comum.
“Deixa isso pra lá.”, e deixou escapar seu sorriso tímido.


“Parece uma criancinha com esse rosto remelento.”, disse dando um tapinha de leve na lateral de seu rosto e rindo.
“Eu falei que era melhor ir...”.
Interrompi, virando-me novamente, “Shi... Já voltei umas mil vezes, assim não termino de ver nunca esse episódio.”.
“Ah, tá. Sou o culpado.”, respondeu sem humor.
Soltei uma gargalhada, falhando em ignorá-lo.
Minha manhã não poderia ter sido melhor. E fiquei imaginando se teria o dedo da bruxa da minha prima. Mas não tinha a cara dela. E no final, o que importava?!

8- Primo idiota!

 
“Ela quer falar com você.”, Jack.
Peguei o aparelho, “Prima?”.
Ouvi uma conversa do outro lado, “Ahm, falar com quem?”, era a voz do Ricardo.
“Prima, você ainda está viva?”, insisti.

 
“Sally?”. Estremeci quando a resposta veio do meu primo.
“Oi...”.
“Vocês não vêm? Estamos com fome, a Tali não nos deixou comer esperando vocês.”.
“Se for só por isso, só passar o celular pra ela que eu dou a bênção. Não quero estragar a sua noite com a minha presença.”, disse sem humor.

 
“Para com isso e vem logo, Ly.”, a voz dele saiu mais baixa e abafada dessa vez.
“Por que você está com tanta raiva de mim, Rick? Não posso me desculpar por algo que sequer sei.”, supliquei.
“Aff! Calma aí que o povo aqui não tem mais o que fazer não... Só um segundo, Lily.”.
Ri imaginando os outros tentando ouvir a conversa.

 
“Pronto... Lily, não estou com raiva de você... Mas você também só me procura quando precisa de mim!”, de amável ele passou a nervoso em um segundo.
“Não sei pra que preciso de você, Rick. E eu te procuro do mesmo jeito que você me procura. Não sabia que tinha alguma regra pra isso. E que eu saiba nos falávamos todos os dias, antes de você começar com a palhaçada. Não tenho vocação pra primo mal-humorado, desculpa.”.

 
“Eu com palhaçada? Ah, Sally, fala sério! Vai me dizer que não me procurava só quando queria ficar comigo? Que eu saiba não faço isso com você.”.
“Ótimo, agora mais essa! De que lugar tirou isso? Não sabia que você era alguma donzela. Pouparia tempo se você me dissesse o real motivo, Ricardo.”.
Ele ficou em silêncio e eu comecei a vasculhar nas minhas lembranças se tinha mesmo o procurado só para ficar. Mas parecia algo tão natural, não regulava as vezes que isso acontecia.

 
“Só acho melhor a gente parar com isso. Somos primos.”, a segurança na voz dele deu uma pontada no meu peito.
Desde quando ele se importava com isso? Aquilo o incomodava tanto assim?
“Custava ter dito isso antes? Morreu por ter dito a verdade? Ai, ai... Já sou bem grandinha, Rick e não vou morrer sem seus beijos.”.
“Então é isso. Agora vocês podem vir?”.

 
Ele levou aquilo com tanta tranquilidade... Fiquei incomodada.
“Não. Não vou não! Tomara que morra de fome também, gay dos infernos!”, e desliguei.
Senti-me uma idiota por ter sido tão infantil, mas... Comecei a chorar. Parecia que estava tudo dando errado naquele novo ano. Por que estavam todos se afastando de mim?

 
“Ah, Sally...”, Jack me chamou com carinho, enquanto me levantava do chão.
Eu descansei o meu rosto no peito dele, meu amigo me abraçou e isso fez exatamente o que imaginei que faria. Cessou minhas lágrimas. Ainda me sentia triste, mas ter o Jack por perto fazia a minha tristeza ser menor.
“Vamos logo pra casa.”.

 
Eram uns vinte minutos de caminhada de onde estávamos até em casa e eu não teria permanecido sem chorar durante toda a trajetória, senão fosse a mão do Jack segurando a minha o tempo todo.
Ele devia ter consciência da importância dos gestos dele pra mim. Mas comecei a me perguntar se eu fazia o mesmo para ele. Como ele conseguia se manter tão forte e bem, quando a vida dele parecia ainda ser mais triste do que a minha?

 
Quando chegamos, segurei com mais força a sua mão, não queria que ele soltasse.
“Ly, vai tomar um banho que vou preparar alguma coisa pra gente comer.”, ele disse com tanto afeto que me senti ainda mais frágil. Só com ele eu me sentiria confortável com essa sensação que eu tanto odiava.

 
Preferi a banheira, era mais fácil para relaxar e por meus pensamentos no lugar, se é que havia algum. Escolhi o repertório de músicas do Evanescence e esqueci o mundo que me cercava por um instante.
Fechei meus olhos e prendi a respiração, deixando a água cobrir a minha cabeça. Meus pés do lado de fora da água sentiram o incomodo do vento frio. Abri meus olhos, ainda submersa à água. Vi o rosto da minha mãe, mesmo que rapidamente. Caiu água por todo o banheiro quando saí da banheira com muita pressa.

 
Eu já tinha parado de brincar com o cabelo do Jack há um tempo e meu corpo já estava quente, mas eu não sabia quanto tempo havia passado desde que estava dormindo.
Era um mistério até mesmo para mim que eu dormisse como uma pedra e que nada pudesse me acordar, exceto a chegada dos meus primos... Eu sempre me assustava ao acordar sentindo a presença deles. E foi assim naquela noite. Eu acordei já ouvindo as vozes dos gêmeos pelo corredor.
“Que saco, Talita! Você está me enchendo há horas! Vai cuidar da sua vida e me deixa quieto!”, Ricardo.

7- Nostalgia idiota!

 
Sorri agradecida, “Acho bom...”.
Ele olhou sobressaltado para o pulso, “Tenho um compromisso agora. Vou correndo na frente.”, e ele saiu correndo mesmo.

 
“Ei!”, gritei impulsivamente.
Ele parou e se virou.
“Tchau pra você também, estranho!”.

 
Lá estava novamente a sua expressão de convencido e sem nenhum sorriso para abrandar. Caminhou até a minha direção sem pressa e aos poucos a sua expressão passou a carregar charme e insinuações. Ele chegava muito perto, me intimidando. Afastei-me e acabei encostando na parede atrás de mim. Ele parecia gostar.
Puxou o meu queixo para cima fazendo com que nossos rostos se encontrassem, “Até logo, gata...”, encostou os seus lábios nos meus e eu abaixei o rosto que foi repuxado para cima logo em seguida. Não tentei mais resistir.

 
Depois do beijo ele se afastou sorrindo, “Agora sim é um tchau. Aprende, porque eu só aceito assim.”, e sumiu antes que eu pudesse responder malcriadamente.
Quando recuperei o meu fôlego olhei para os lados, temerosa por alguma plateia. Fiquei agradecida quando não vi ninguém.

 
Tentei abrir a porta da sala dos meus amigos, mas já estava trancada.
Ninguém esperou por mim.
Eu sabia que se fosse para a sorveteria ou para a lanchonete os encontraria, mas não podia ir me sentindo daquele jeito. Só estragaria a noite deles.

 
Passei pelo final do corredor até a porta de saída com pressa, queria logo chegar em casa.
“Lily!”, aquela voz grave era inconfundível.
Meu coração acelerou com a surpresa e já não consegui mais segurar uma lágrima boba, mas ela não desceu com a tristeza que se formou... Era de alívio e vinha acompanhada de um sorriso. Mas sequei com pressa, antes de me virar.
“Jack!”.

 
“Pensei que não fosse mais...”, o interrompi quando saltei o abraçando, “Ei, ei... O que aconteceu?”.
Como ele podia me conhecer tão bem assim?
“Não queria ir sozinha pra casa.”, uma meia verdade.
“Já quer ir pra casa?! O pessoal está na lanchonete nos esperando.”.

 
“Não sei se é uma boa ideia. O Ricardo está com raiva de mim.”.
Jack abriu um curto sorriso, “Não acho que seja bem assim. Se você quiser, eu converso com ele.”.
Os dois eram amigos e o Jack era bom em perceber as coisas. Ele era um ótimo observador. Devia saber o que era.
Como não pensei nisso antes?!

 
“Mas o que é então?”.
“Me deixa conversar com ele primeiro...”.
Concordei com a cabeça e suspirei pesarosa. Esperar não era o meu forte, mas eu esperaria.
“E então... Podemos ir?”, Jack.
“Acho que prefiro mesmo ir pra casa, Jack...”.
“Tudo bem.”

 
“Ah! Não! Melhor ainda... Você ainda tem como tocar agora?”, mas me arrependi logo em seguida. Ele devia estar cansado e eu estava sendo egoísta, “Não, deixa isso. Vocês ainda gravam os ensaios?”.
“Não tenho problema em tocar agora... E sim, gravamos. Está ali na sala o gravador.”.
“Não precisa tocar nada não. Só queria poder ouvir alguma coisa antes de ir embora. Está com pressa?”.

 
“Não.”, pegou a minha mão me guiando até a sala.
Eu já podia me sentir melhor, assim que pisei naquela sala novamente. Eu fui com pressa até o aparelho, mas antes que eu pudesse ligar, percebi o meu amigo distante de mim. Jack estava pegando o baixo.

 
Ele não disse nada quando começou a tocar. O som tomava conta da sala e eu sentia as batidas do meu coração acompanhando a música. Era lindo ver o Jack tocando, mas fechei os meus olhos para me sentir completamente envolvida pelas emoções que aquele som despertava em mim. Era muito forte...
Mas de repente ele parou. Cedo demais. Abri meus olhos ainda desejando mais.

 
“Vai mesmo participar do teatro? Gostou da tarde hoje?”.
Levei tempo para encontrar novamente as palavras na minha mente.
“Vou ser a personagem principal novamente. Parece que encontrei alguma coisa em que eu seja razoável.”, eu sorri, mas não fui acompanhada.

 
“Você sabe muito bem que pode ser o que você quiser. E tenho certeza de que será sempre ótima no que escolher.”.
Era melhor não retrucar, mesmo que eu não concordasse. Se fosse assim eu estaria na banda deles. As coisas não eram tão simples e fáceis assim.
Ignorei o seu comentário, “A única coisa ruim é que não posso mais ficar aqui com vocês. Antes eu podia enrolar as meninas e passar quase a tarde toda com vocês, mas agora é impossível. Em vez de ouvir a linda voz da Tali, tenho que ouvir a da Fernanda... Será que ela não fica cansada falando tanto?”.

 
Consegui ver o Jack sorrindo.
“Tenho que ligar pra Tali avisando que não vamos.”, e catou o celular do bolso.
“Vou pegar um refri pra gente...”.
Deixei a sala e fui até a máquina de refrigerante. Tantas opções... Fiquei pensando se eu queria mesmo refrigerante, quando ouvi meu amigo me chamando.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

6- Paquera, por favor!

 
Acariciando o meu rosto, cheio de insinuações, “Não desconverse...”.
Virei meu rosto pra ver o restante dos meus colegas.
“Ah, eles fazem um casal perfeito. Olha a química entre eles. Acho que tem tudo a ver eles serem o casal principal.”, Ernani.
“É...”, Fernanda não parecia muito contente, apesar de concordar.

 
Ítalo me soltou de repente.
“Viu? Eu consigo tudo o que quero. Eu sou demais...”, Ítalo se gabava pra todos.
Dei um tapa na cabeça dele, “Me trata direito, seu bruto! Eu interpreto melhor do que você... Posso muito bem escolher o Ernani como par.”, fiz bico.

 
“Ué, escolhe então. Eu posso fazer par com outra... O que me diz, Fernanda?”.
Porque eu tinha que sentir ciúmes?
Antes que ele pegasse na mão da Fernanda eu me aproximei dele. Funcionou.
“Você fica uma gracinha fazendo charme, Ítalo... Para de bobeira e me diz como é esse casal.”.

 
Ele ficou vermelho quando o chamei de gracinha. Eu só não era completamente apaixonada por ele, porque tinha tomado cuidado desde o começo. Milagrosamente estava funcionando. Ele já tinha deixado claro vezes demais que não queria compromisso com ninguém. E estava sempre jogando charme em qualquer ser que usasse saia. Eu não queria competir com isso. E mais do que isso, eu gostava dele demais para querer complicar as coisas.

 
A presença da Fernanda me incomodava um pouco. Ela falava muito e tentava a todo custo chamar a atenção do Ítalo. A maioria das pessoas nem o achava tão bonito assim, por causa do super blush natural em seu rosto... Eu mesma a princípio tinha o achado nada atraente, mas, pelo visto, isso estava se tornando um hábito.
Foi uma tarde bem melhor do que julguei que seria.
“E então... Você se resolveu entre os seus primos? Parentes ou sei lá...”, Ítalo me perguntou, enquanto saíamos da sala.

 
“Ahm?”.
“Os rockeiros. Confundo os nomes.”, eu jurava que ele fazia isso de propósito.
“Mas o que têm eles?”.
Ele revirou os olhos e isso me irritou.
Fiz um barulho com a boca, “Não sou adivinha, desculpa por isso. Aff... Esbarro em cada ser mal educado nessa vida.”.

 
“Calma, gata... Eu pergunto de novo.”.
Ítalo parou de andar e fez gestos demais, pausas demais quando começou a falar. Como se eu fosse retardada e eu teria ficado muito irritada senão gostasse tanto de estar com ele.
“Você se decidiu entre os dois cabeludinhos? O loiro ou o moreno? Ou continua safadona pegando os dois?”.

 
O pior é que eu realmente gostava dessa sinceridade dele. Por mais que parecesse um pouco ofensivo eu sabia que a intenção dele era só chocar e não me ofender. E eu não tinha problemas em responder, como também não mentiria.
Fechei a cara, não podia deixá-lo pensando que podia me chamar desse jeito...
“Quando você virar gente, do tipo educado, me procura que respondo o que me perguntar... Mas até lá é melhor você guardar esse tipo de tratamento só pras suas amiguinhas que gostam.”, e retomei os passos.

 
Ele veio atrás de mim, parou na minha frente e segurou a minha mão.
“Desculpa, gata, não queria te ofender. Eu queria te dizer que não vou mais fazer isso, mas sou um idiota e vou acabar fazendo.”.
“Hum... Ao menos reconhece.”.

 
Ítalo soltou uma gargalhada e não consegui deixar de sorrir.
“Mas então... Você não respondeu a minha pergunta.”, imaginei o quanto ele estava curioso. Ele nunca havia me perguntado sobre esse tipo de coisa.
“Porque será...”, dei uma pequena pausa, “Mas também nem sei de que lugar você tirou uma pergunta dessa. Da banda eu só fiquei com o meu primo, mas a gente não tem nada pra resolver também.”, eu morria de vergonha de me expor daquele jeito, mas fazia de tudo para aparentar naturalidade e parecia funcionar.

 
“Vai me dizer que nunca ficou com aquele outro?”.
Ele falava do Vinícius?
“Que outro, Ítalo?”.
Novamente ele revirou os olhos. Eu o cegaria em uma próxima vez, “O que está sempre com você.”.
“O Jack?”, perguntei surpresa. Ele esperou, “Nossa... Nada a ver.”, pensei numa forma convincente de explicar, “Você ficaria com uma irmã sua?”.

 
“Ela é feia...”.
Arregalei os olhos e ele riu.
“Idiota...”.
“Claro que não ficaria. Vocês são irmãos?”
Perdi o meu melhor argumento e fiquei em silêncio pensando em algum outro.
“Tá, deixa... Já entendi. Se você diz que não, acredito em você.”.