domingo, 23 de maio de 2010

8- Primo idiota!

 
“Ela quer falar com você.”, Jack.
Peguei o aparelho, “Prima?”.
Ouvi uma conversa do outro lado, “Ahm, falar com quem?”, era a voz do Ricardo.
“Prima, você ainda está viva?”, insisti.

 
“Sally?”. Estremeci quando a resposta veio do meu primo.
“Oi...”.
“Vocês não vêm? Estamos com fome, a Tali não nos deixou comer esperando vocês.”.
“Se for só por isso, só passar o celular pra ela que eu dou a bênção. Não quero estragar a sua noite com a minha presença.”, disse sem humor.

 
“Para com isso e vem logo, Ly.”, a voz dele saiu mais baixa e abafada dessa vez.
“Por que você está com tanta raiva de mim, Rick? Não posso me desculpar por algo que sequer sei.”, supliquei.
“Aff! Calma aí que o povo aqui não tem mais o que fazer não... Só um segundo, Lily.”.
Ri imaginando os outros tentando ouvir a conversa.

 
“Pronto... Lily, não estou com raiva de você... Mas você também só me procura quando precisa de mim!”, de amável ele passou a nervoso em um segundo.
“Não sei pra que preciso de você, Rick. E eu te procuro do mesmo jeito que você me procura. Não sabia que tinha alguma regra pra isso. E que eu saiba nos falávamos todos os dias, antes de você começar com a palhaçada. Não tenho vocação pra primo mal-humorado, desculpa.”.

 
“Eu com palhaçada? Ah, Sally, fala sério! Vai me dizer que não me procurava só quando queria ficar comigo? Que eu saiba não faço isso com você.”.
“Ótimo, agora mais essa! De que lugar tirou isso? Não sabia que você era alguma donzela. Pouparia tempo se você me dissesse o real motivo, Ricardo.”.
Ele ficou em silêncio e eu comecei a vasculhar nas minhas lembranças se tinha mesmo o procurado só para ficar. Mas parecia algo tão natural, não regulava as vezes que isso acontecia.

 
“Só acho melhor a gente parar com isso. Somos primos.”, a segurança na voz dele deu uma pontada no meu peito.
Desde quando ele se importava com isso? Aquilo o incomodava tanto assim?
“Custava ter dito isso antes? Morreu por ter dito a verdade? Ai, ai... Já sou bem grandinha, Rick e não vou morrer sem seus beijos.”.
“Então é isso. Agora vocês podem vir?”.

 
Ele levou aquilo com tanta tranquilidade... Fiquei incomodada.
“Não. Não vou não! Tomara que morra de fome também, gay dos infernos!”, e desliguei.
Senti-me uma idiota por ter sido tão infantil, mas... Comecei a chorar. Parecia que estava tudo dando errado naquele novo ano. Por que estavam todos se afastando de mim?

 
“Ah, Sally...”, Jack me chamou com carinho, enquanto me levantava do chão.
Eu descansei o meu rosto no peito dele, meu amigo me abraçou e isso fez exatamente o que imaginei que faria. Cessou minhas lágrimas. Ainda me sentia triste, mas ter o Jack por perto fazia a minha tristeza ser menor.
“Vamos logo pra casa.”.

 
Eram uns vinte minutos de caminhada de onde estávamos até em casa e eu não teria permanecido sem chorar durante toda a trajetória, senão fosse a mão do Jack segurando a minha o tempo todo.
Ele devia ter consciência da importância dos gestos dele pra mim. Mas comecei a me perguntar se eu fazia o mesmo para ele. Como ele conseguia se manter tão forte e bem, quando a vida dele parecia ainda ser mais triste do que a minha?

 
Quando chegamos, segurei com mais força a sua mão, não queria que ele soltasse.
“Ly, vai tomar um banho que vou preparar alguma coisa pra gente comer.”, ele disse com tanto afeto que me senti ainda mais frágil. Só com ele eu me sentiria confortável com essa sensação que eu tanto odiava.

 
Preferi a banheira, era mais fácil para relaxar e por meus pensamentos no lugar, se é que havia algum. Escolhi o repertório de músicas do Evanescence e esqueci o mundo que me cercava por um instante.
Fechei meus olhos e prendi a respiração, deixando a água cobrir a minha cabeça. Meus pés do lado de fora da água sentiram o incomodo do vento frio. Abri meus olhos, ainda submersa à água. Vi o rosto da minha mãe, mesmo que rapidamente. Caiu água por todo o banheiro quando saí da banheira com muita pressa.

 
Eu já tinha parado de brincar com o cabelo do Jack há um tempo e meu corpo já estava quente, mas eu não sabia quanto tempo havia passado desde que estava dormindo.
Era um mistério até mesmo para mim que eu dormisse como uma pedra e que nada pudesse me acordar, exceto a chegada dos meus primos... Eu sempre me assustava ao acordar sentindo a presença deles. E foi assim naquela noite. Eu acordei já ouvindo as vozes dos gêmeos pelo corredor.
“Que saco, Talita! Você está me enchendo há horas! Vai cuidar da sua vida e me deixa quieto!”, Ricardo.

3 comentários:

  1. Eu ri horrores quando ela falou Gay dos Infernos... Eu falo isso o tempo todo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk é mesmo minha gemea perdida u.u Ainda mais com essas neurinhas dela se perguntando se o que as pessoas fazem por ela, ela faz pelas pessoas...
    Ainnnnnnnn amooooooooooooooooooo!

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  2. Mita, kkkkkkkkkkkkk.


    Helô! Uma viva ao gay do infernoo!! \õ/
    kkkkkkkkkkkk
    [bobeira off
    Obriigada, filha! *--*

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